Dia da Consciência Negra

Na Semana da Consciência Negra rendemos nossas homenagens a todos e todas, resgatando a história desta mulher, negra, “Carolina Maria de Jesus (1914–1977) uma das mais importantes escritoras brasileiras, conhecida por seus relatos contundentes e pioneiros sobre a vida na favela, o racismo e a desigualdade social no Brasil.

Nascida em Sacramento, Minas Gerais, em uma família pobre e neta de pessoas escravizadas, Carolina teve apenas dois anos de educação formal, mas desenvolveu uma paixão vitalícia pela leitura e escrita. Após a morte de sua mãe, mudou-se para São Paulo em 1937, e em 1947, foi morar na favela do Canindé. Lá, para sustentar a si e seus três filhos (que criou sozinha), ela trabalhava como catadora de papel, coletando materiais recicláveis.

Ela usava cadernos encontrados no lixo para escrever seus diários, que se tornariam sua obra mais famosa. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas a conheceu enquanto fazia uma reportagem na favela e ficou impressionado com seus escritos, ajudando a publicá-los.

Sua obra mais notável é “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, lançada em 1960. O livro foi um sucesso de vendas imediato e traduzido para 14 idiomas, ganhando reconhecimento internacional. Nele, Carolina relata o cotidiano brutal da favela, a fome, a miséria e a luta pela sobrevivência, oferecendo uma perspectiva interna e digna da realidade das periferias, o que lhe rendeu um lugar de destaque na literatura periférica e na denúncia social.

Outras obras publicadas em vida incluem “Casa de Alvenaria” (1961), que narra sua experiência após sair da favela e enfrentar o preconceito em um bairro de classe média, e “Pedaços de Fome”. Postumamente, outros livros foram publicados a partir de seus vastos manuscritos inéditos, como “Diário de Bitita”.

O legado de Carolina Maria de Jesus é imenso:

  • Ela se tornou um símbolo de resistência e superação, transformando sua dor e fome em uma voz poderosa contra a injustiça social, o machismo e o racismo.
  • Sua escrita é estudada como um documento histórico e social, além de uma obra literária de grande força, que demonstra uma sagaz observação da sociedade brasileira.
  • Ela é considerada uma precursora da literatura periféricano Brasil e uma inspiração para gerações de escritoras negras, como Conceição Evaristo.

Carolina Maria de Jesus faleceu em 1977, mas sua obra continua a ser redescoberta, estudada e celebrada, permanecendo extremamente relevante para entender as desigualdades do Brasil.

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